Clodesmith Riani e 13º. Salário

 

Conquistas Trabalhista - Em 1961 a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) Presidida por Clodesmith Rian e o Pacto de Unidade e Ação, de caráter intersindical, convocaram uma greve reivindicando melhoria das condições de trabalho e a formação de um ministério nacionalista e democrático. Foi esse movimento que conquistou o 13º salário para os trabalhadores urbanos. Os trabalhadores rurais realizaram, no mesmo ano, o 1º Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O Congresso exigiu reforma agrária e CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) para os trabalhadores rurais. Em 62, com a aprovação do Estatuto do Trabalhador Rural, muitas ligas camponesas se transformaram em sindicatos rurais.

O ex-deputado e sindicalista Clodesmith Riani que, com sua coragem, integridade e determinação, mostrou ao trabalhador brasileiro, a visão que a luta, qualquer que seja, é um processo que exige tais qualidades, isso, muitas vezes à custa de enormes sacrifícios pessoais, deixou-nos um legado pessoal, pela proximidade da convivência constante, de que é possível triunfar mesmo nas adversidades, se tivermos a perspectiva do outro, do conjunto. Tudo isso pode ser entendido na frase “aqueles que defendem a igualdade de direitos, com sabedoria e honradez, não devem desistir jamais. A luta continua”. Foi dita por ele, Clodesmith Riani

Dr. JORGE BERG DE MENDONÇA

JUIZ EMPOSSADO DO EG. TRT/MG

 

Era o ano de 1964. Mais precisamente iniciava-se o mês de abril e exatamente no dia oito daquele mesmo mês, após um rito sumaríssimo, animada pelos ares da vitória da intervenção militar que acabara de ocorrer no Brasil, a Assembléia Legislativa do estado de Minas Gerais cassou o mandato de três deputados operários, eleitos em 1962. Tratava-se de Sinval Bambirra, operário tecelão, antigo militante do PCB, eleito pela legenda do PTB; José Gomes Pimenta (Dazinho), militante da Juventude Operária Católica, operário da Mina de Morro Velho e presidente do Sindicato dos Mineiros daquela cidade; finalmente, Clodsmidt Riani, eletricitário de Juiz de Fora, petebista histórico e presidente do Comando Geral dos Trabalhadores do Brasil. Os três deputados tiveram presença atuante na conjuntura de lutas sindicais e políticas do pré-64. Sua eleição para a Assembléia Legislativa de Minas Gerais foi um fenômeno inédito, pois até então nenhum representante operário havia sequer aventado a possibilidade de ingressar, como deputado, no Poder Legislativo. A análise comparativa da biografia política dos três sindicalistas e da cassação a que foram submetidos baseia-se na seguinte documentação: bibliografia pertinente, depoimentos de história de vida ao Programa de História Oral da UFMG, análise da documentação do processo de cassação liberada pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais em abril de 1998, exatamente 34 anos após o episódio.

Lucília de Almeida Neves, PUC-MG, UFMG:

Juiz de Fora sempre foi considerada uma cidade de vanguarda e libertária. A grande maioria nascida aqui ou quem adotou a Manchester Mineira como sua, há de concordar. Mas, convenhamos, desta cidade encravada nas montanhas das Geraes, saíram alguns personagens que promoveram atentados à democracia e às liberdades individuais e coletivas. Foi daqui a partida para a longa noite de escuridão democrática. Sob o fuzil do general Olímpio Mourão Filho, rumaram para o Rio de Janeiro as tropas do Exército para apear do poder o presidente constitucional João Goulart.

O intelectualmente limitado general - daí ter-se autodenominado vaca fardada - certamente não imaginava que o movimento de tropas que conduzia iria levar o país a um quarto de século de ditadura e de supressão dos direitos civis e democráticos. Aqui os atos de exceção cassaram os mandatos de um dos maiores líderes sindicais do país, Clodsmidt Riani. E outros como os vereadores Peralva de Miranda Delgado, Francisco Affonso Pinheiro, Jair Reihn e Nery Mendonça, sem falar no deputado estadual José de Castro Ferreira. E foram cassados sem provas por quê? Eram corruptos, roubavam, extorquiam ou atentavam contra a Constituição? Não. Simplesmente, eram democratas e contra eles não houve uma única prova de ilícito. Apenas o fato de abominarem a ditadura e defenderem o Estado de Direito.

Luiz Kaká Guilhermino

 

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