Operação Condor

 

INÍCIO DA PRIMEIRA MATÉRIA
OPERAÇÃO CONDOR

Folha Brasil Caderno da Folha de São Paulo

Militares e policiais brasileiros serão convocados para falar sobre desaparecimentos nos anos 70/80

Onze brasileiros deverão depor na Itália

LÉO GERCHMANN DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Um grupo de 11 militares e policiais brasileiros em atividade entre o fim dos anos 70 e começo dos 80 será chamado a depor, todos na condição de réus, no inquérito da Justiça italiana que investiga mortes e desaparecimentos durante a Operação Condor.

A operação foi uma ação coordenada entre governos militares da América do Sul para identificar, prender e, eventualmente, eliminar opositores. Documentos norte-americanos do período comprovam a existência do intercâmbio entre os países.

O procurador italiano Giancarlo Capaldo, responsável pelo caso, apura o desaparecimento de cerca de 20 latino-americanos de ascendência italiana.

O único réu até então era o ex-ditador chileno Augusto Pinochet. Agora, Capaldo estendeu a intimação a 50 outras autoridades, inclusive os 11 brasileiros.

Entre os brasileiros estão Octávio Medeiros, chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações) no governo João Figueiredo (1979-85), e o general Euclydes Figueiredo Filho, irmão de Figueiredo. As figuras mais famosas são os ex-líderes militares argentinos Jorge Rafael Videla e Leopoldo Galtieri.

A notificação foi anunciada pelo presidente da Itália, Carlo Campi, que esteve ontem em Buenos Aires falando com parentes de desaparecidos no regime militar argentino (1976-83), um dos mais rígidos da região.

"As atrocidades cometidas contra os desaparecidos não podem ser repetidas, por isso é necessário prevenir desenvolvendo no sentimento dos homens uma repulsa profunda", disse Ciampi.

Segundo a ativista Claudia Allegrini, as notificações ocorrerão "em breve" e incluirão pessoas da Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. Faltava só a aprovação do Executivo italiano.

O processo na Itália visa esclarecer a Operação Condor. Um dos casos apurados é o desaparecimento de três argentinos com ascendência italiana no Brasil. Claudia é mulher de Lorenzo Ismael Viñas, visto pela última vez em Uruguaiana (RS) em 26 de julho de 1980. Também desapareceram Horacio Domingos Campiglia e Mônica Susana Pinus de Binstock, no Rio de Janeiro, em 12 de março de 1980.

Claudia procurou a Justiça italiana em março de 1999. Seu pedido foi incluído com o de outros parentes de desaparecidos nos processos que estão com o procurador Capaldo.

Os outros brasileiros implicados, além de Medeiros e Euclydes Figueiredo, são: o coronel Carlos Alberto Ponzi, o ex-superintendente da Polícia Federal no Rio Agnello de Araújo Britto, o ex-secretário de Segurança do Rio Edmundo Murgel, o ex-comandante do 3º Exército Antônio Bandeira, o general Henrique Domingues, o coronel Luís Macksen de Castro Rodrigues, o ex-secretário de segurança João Leivas Job, o ex-diretor da DCI (Divisão Central de Informações) Átila Rohrsetzer e o ex-delegado gaúcho Marco Aurélio da Silva Reis.

Eles deverão ser convocados por carta rogatória. Se não forem localizados ou não comparecerem, poderão ser julgados à revelia no processo de Capaldo.
FIM DA PRIMEIRA MATÉRIA

INÍCIO DA SEGUNDA MATÉRIA

Campanha do Jornal O Dia do Rio de Janeiro da série OS ANOS DE CHUMBO 

Esquadrão do terror
Policiais matadores assassinaram mil homens e mulheres. Corpos de militantes de esquerda eram misturados aos de criminosos eliminados pelo grupo de extermínio

João Antônio de Barros

Eles encheram as ruas do Rio de Janeiro com pilhas de corpos. Tanto que, em menos de oito anos, mandaram para as geladeiras do Instituto Médico-Legal (IML) perto de mil cadáveres. Era o pano de fundo do teatro armado pelo regime militar para esconder os corpos da repressão dos olhos da opinião pública. Foi executado com perfeição. O quarto capítulo da série Os Homens de Ouro nos Anos de Chumbo mostra a tática que fez misturar os cadáveres de ladrões e inocentes aos dos presos políticos assassinados nas torturas – fazendo tudo parecer a série de crimes perpetuados pelo famigerado Esquadrão da Morte.

E havia até licença para matar, dada pelos donos do regime. Segundo três dos 28 policiais de ouro ouvidos pelo DIA, na época, o próprio secretário de Segurança Pública da Guanabara, general Luís de França Oliveira, estimulou seus homens a entrar em confronto. Pediu rigor no controle aos crimes comuns e avisou: "Se precisar, atirem primeiro e, depois, perguntem quem é." Era a senha para a matança desenfreada a que o Rio assistiria na década de 70.

Estudante de Psicologia foi torturada por 20 homens

"Matava-se por qualquer motivo. Ou melhor, tudo era motivo para se matar. E ia para a conta do Esquadrão. Ninguém ia apurar mesmo os crimes. O policial sabia disso", revela um dos agentes, na época, lotado no DOI-Codi.

A morte da estudante de Psicologia Aurora Maria Nascimento Furtado é a síntese da união do Esquadrão com o regime militar. Presa durante um tiroteio com policiais civis em Parada de Lucas – quando um agente morreu –, ela foi levada para a sede da Invernada de Olaria, na Zona da Leopoldina do Rio, e submetida a uma série de torturas durante mais de cinco horas e por quase 20 homens – somando-se, também, os agentes da Vigilância Norte.

No dia seguinte, o corpo de Aurora foi abandonado na esquina das Ruas Magalhães Couto e Adriano, no Méier, com marcas de espancamento e afundamento de 2 centímetros no crânio – sinal do uso da coroa de Cristo, como era conhecido o torniquete de aço que gradativamente esmagava o crânio. E mais: tinha 16 marcas de tiros e foi jogado ao lado de um carro.

Um caso típico das chamadas desovas dos grupos paramilitares, mas que não era a única coincidência no caso. Uma outra: um dos chefes dos policiais que trabalhavam na Vigilância Norte e na Invernada de Olaria era o policial Lincoln, que ficou conhecido – e até foi investigado pela Corregedoria da Polícia Civil – por suas amizades com os homens que pertenciam ao Esquadrão da Morte.

Confira aqui as matérias da série já publicadas

Capítulo I

Os homens de ouro nos anos de chumbo

Fizeram muita barbaridade' 

Depois do bate-boca, uma bala na cabeça 

Covas rasas 

Rubens Paiva 

Stuart Angel 

Capítulo II

Os anos de chumbo: tortura 

Endereços do terror 

Brutalidade importada 

As torturas aplicadas 

Capítulo III

A violência contra as mulheres: dor e humilhação 

Camarão, o especialista em terror 

A história de Maria Auxiliadora 

Amanhã


A lista de policiais que serviram à ditadura

Famílias de militantes foram extorquidas
FIM DA SEGUNDA MATÉRIA

INÍCIO DE MEU MANIFESTO

Enquanto há tempo!!!!
Com base nas matérias acima gostaria de informar estar esgotado como cidadão brasileiro em ver o meu país durante os últimos dezesseis anos, a partir da instalação em 1985 da atual Democracia Meia-Sola, sem um único projeto factível de desenvolvimento, quando sabemos ser o Brasil um país virgem, com vocação natural para o crescimento, haja vista nossas taxas histórica reais de crescimento ano, ou seja: 1952/63 (6,99%); 1964/84 (6,22%), sendo no período 1985/00 de míseros 2,69%%, e por esse, e somente por esse motivo os terroristas atuais no poder, envergonhados de suas próprias estupidez e ignorância, invejando os períodos anteriores de gloria e crescimento do Brasil, não podendo elogiar atacam, com base na máxima de que "a melhor defesa é o ataque", sendo a única forma de ocuparem suas podres mentes constituídas de um "conjunto vazio".

Não seria melhor estarmos todos nos preocupando com o atual genocídio vivido no Brasil, na realidade uma guerra civil descontrolada, muito pior do que a tradicional, controlada, provocando mortes estúpidas e inúteis de nosso povo. Ou mesmo fortalecendo nossas estruturas de poder, para atender aos gritos vindos das ruas exigindo justiça, mas não, continuam como abutres se alimentando do atual estado de putrefação do Brasil, na máxima comunista de "quanto pior melhor" para os seus projetos políticos de "odiai-vos uns aos outros", sempre dividindo o mundo de uma forma simples e vulgar entre bons e maus, sendo eles os escolhidos do bem, verdadeiros guardiães da moral e dos bons costume, impondo suas regras de uma minoria barulhenta, como absolutas e verdadeiras, para um maioria silenciosa e pouco ousada, ou mesmo vendendo a ilusão de que "é proibido proibir". Sendo eles irresponsáveis, estarão sempre em frente aos holofotes vendendo ilusões para a grande maioria de nosso povo ingênuo. E no Brasil, como a imensa maioria de nosso povo é inculta e ingênua, são apenas massa de manobra desses oportunistas. 

Acreditar que o nosso povo teria condições de alterar o curso de colisão do suicídio coletivo premente, gerado por esses malditos políticos profissionais, seria o mesmo que acreditar em "Papai Noel". O Brasil não tem retornos, mais uma vez irá para a ruptura, apenas não saberia dizer se de esquerda ou de direita. Com certeza a esquerda hoje está muito mais ousada, preparada, financiada e treinada para assumir o comando absoluto do país, não por seus méritos, mas sim, pela omissão e covardia letárgica e doentia dos homens dignos deste país, rotulados por eles de: "gorilas, fascistas, direitistas, etc.

Ou as Forças Armadas brasileira tomam uma posição definitiva sobre o tema, via judicial, política, ou mesmo pela força, se for o caso, ou dentro em breve, como é o projeto do governo do Sr.FHC, serão consideradas desnecessárias como forças regulares, passando a serem apenas forças auxiliares das Forças Armadas mundial (Estados Unidos e patota, Inglaterra, etc). E com toda a razão, o ingênuo povo brasileiro irá aplaudir a decisão do Cavaleiro do Apocalipse (FHC), o qual irá provar ser muito onerosa sua manutenção, já que não existem riscos de invasões, com isso demonstrando sua inutilidade prática, como muitos políticos já vêm colocando diante da opinião pública.

Diante da realidade que se aproxima, somente caberia repetir a mensagem de minha HP, qual seja: Quem não usar os olhos para ver, terá que usá-los para chorar (Foerster). 

Somente não vê, quem assim o desejar, de que o grupo de poder atual liderado pelo Cavaleiro do Apocalipse (FHC) e suas falanges de demônios têm plena convicção de que o Brasil será melhor se entregarmos nossos sagrados destinos como nação aos 7G.

Esgotados os passos propostos de via judicial e/ou política, a partir deste ponto, a única e exclusiva instituição que será responsável, diante de Deus, pela nossa humilhante rendição como povo será, sem dúvida, as já então ex- Forças Armadas brasileira, transformadas em escoteiros das Forças Armadas americana, ou simples flanelinhas verde-oliva.

"Somente os homens afastados de Deus, temem os demônios soltos em nosso país". (Ricardo Bergamini)

Aos participantes da Revolução de 31 de março de 1964 hoje, omissos e covardes, alheios aos graves problemas atuais, e que tenham optado pelo caminho das trevas e da escuridão do silêncio, o meu repugnante desprezo. E que Deus tenha piedade de suas almas primitivas. (Ricardo Bergamini)
FIM DO MEU MANIFESTO
Antes de encerrar, caberia transcrever, para reflexão dos homens que pensam este país, um breve trecho do livro de memórias "A verdade de um revolucionário" de autoria de nosso brioso, valente e corajoso soldado, saudoso General Olympio Mourão Filho, relatando o movimento cívico-militar de 31 de março de 1964.

"Qualquer semelhança com o maldito momento da vida brasileira não é mera coincidência" (Ricardo Bergamini)
Início do trecho
Porque a verdade é que alguns demônios andaram soltos neste país, enquanto a maioria desta Nação estava entocada, apavorada, os chefes militares prontos a se deixarem dominar, contanto que continuassem a viver, viver de qualquer maneira, sem coragem de arriscar as carreiras. Os pobres continuando pobres. A classe média e os ricos podendo morar e comer três vezes ou mais por dia. Os políticos em condições de aderir, permanecendo em sua profissão, maldita profissão.

Os chefes militares, tolhidos por um falso legalismo, esperando que o Chefe do Executivo lhes desse maiores motivos para a reação, imobilizados, atônitos e impermeáveis à compreensão dos fatos iniciados com o plebiscito e completados com o comício do dia 13 de março, surdos ao verdadeiro clamor de medo vinda de toda a Nação. Ainda mesmo depois dos deploráveis incidentes na Marinha, que estava ameaçada de destruição, havia chefe militar com a esperança vã de que o Chefe do Executivo recuasse, quando ele já não mais podia fazê-lo.

Todos queriam viver, eis o problema. Eis o segredo do aparente sucesso dos demônios soltos no país. Minoria audaciosa que sabia usar os meios de que dispunham e que eram os máximos, oriundos desta maldita forma de governo que é o Presidencialismo.

Ponha-se na Presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará a sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, de que tudo quanto faz está certo.

Em pouco tempo transforma-se um ignorante em sábio, um louco em gênio equilibrado, um primário em estadista.

E um homem nessa posição, empunhando nas mãos as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso.

Enquanto esse monstro é dirigido e explorado apenas pela lisonja, bajulado pela corte, a Nação sofre prejuízos de monta, é verdade, mas, apenas danos materiais em sua maioria e morais alguns.

Quando, porém, sua roda é formada ou dominada por um bando refece de demônios, nesse momento a Nação corre os mais sérios perigos.



Ricardo Bergamini, Florianópolis, 21 de março de 2001 rberga@tutopia.com.br

 

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